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Um Tiro na História!
No último dia 16 do mês corrente, houve Na Câmara dos Deputados, em Brasília, uma votação, assim a chamaram.  Decidia-se, ali, o encaminhamento para o Senado, do processo de impedimento da Presidenta Dilma. Mais parecia uma feira de negócios. E o que se viu, foi uma oferta das dignidades ali presentes às causas da honradez e outros títulos edificadores da moral e os bons costumes.  Assim, era para ter sido, não o foi. No entanto, assistimos ao vivo e a cores, a uma saraivada de dissabores hermenêuticos. Onde se entendia legal, lia-se imoral, transtorno para os sentidos ávidos por seriedade, de quem assistia. Dentre tantas oferendas como; pelo meu amado filhinho, pela honra da minha neta, pela dignidade da minha família, eu digo Sim ao impedimento. Impedimento esse, presidido por um réu, denunciado por várias ilicitudes, como; recebimento de propinas, contas bancárias no exterior, não declaradas, e não para por aí.
Porém, dos 367 votos a favor do impedimento, um pareceu estampido de espingarda 12.
O fato de sermos parentes de alguém não nos habilita o uso de sua memória, em vão.
Foi o que aconteceu com a nacionalíssima e imortal memória de Teotônio Brandão Vilela, O Menestrel das Alagoas.
Integrante de família tradicional alagoana, empresário usineiro, reconhecido por suas opiniões não condizentes ao meio das elites, ao qual fazia parte, o Menestrel tinha o seu próprio modo de ver e sentir a vida, o mundo, o seu mundo.
Político aquecido pelo seu animus igualitário e altruístico, bradou o contrassenso.
Como bem o descreveu Miguel Arraes, dizendo; “o Velho Teotônio, em plena repressão, e no qual fui perseguido, trouxe-me para Maceió, e mesmo não sendo do meu partido, não comungando com os meus ideais, organizou uma grande manifestação de apoio a mim, isso por não concordar com as injustiças cometidas contra o meu governo, em Pernambuco, pelo regime que se instalara naquele momento, o militarismo”. ‘E pelo qual ele ascendia. Pois bem, Teotônio não pode ser lembrado como do Partido da UDN, ARENA ou MDB. Teotônio tinha suas próprias convicções. Teotônio era Teotônio’. Finalizou seu depoimento captado pelo documentário “O Evangelho Segundo Teotônio”.
O Menestrel, mesmo sem mandato, mas como Presidente do seu Partido, o MDB, escutou do Presidente da República, o general Geisel, que ficasse tranquilo, pois a abertura política era um processo irreversível. E ele disparou; “vou aos quatro cantos do mundo anunciar e defender a redemocratização do nosso País. E além disso, percorreu cada presídio em busca da libertação e anistia dos presos políticos que sobreviveram ao famigerado regime de exceção.
Resultado; mesmo antes da lei de anistia ser aprovada pelo Congresso Nacional, muitos já saíra da reclusão, e tantos outro voltavam ao seu País, anistiados por aquele ato de justiça impregnado no Velho Teotônio, o Menestrel.
Ainda sim, lutou contra a prisão de um metalúrgico, presidente de um sindicato, em São Bernardo, um tal de Luiz Inácio da Silva. E não só conseguiu o libertar, como lhe garantiu o salvo conduto.
Mas essa história foi alvejada, em cheio na sua alma. Pois um desatento Deputado Federal, seu neto, por trazer no seu sangue a genealogia do velho Teotônio, esqueceu-se de que a história do seu Avô é digna do mais profundo respeito e admiração de um povo chamado Brasil.
É só assistir ao documentário O Evangelho Segundo Teotônio, antes de invocar o seu nome, para não mais cometer esse atentado a sua memória.
Porque esse “SIM” foi um verdadeiro tiro na História do Menestrel do Brasil.

Quem sou eu?