A Nova Lição; Não Queremos este Brasil!
Desde 1988 não víamos
mais tanta determinação em discordar do que está
errado.A passividade reivindicatória do povo brasileiro, não ia além das ruas, entre gritos, urros e sussurros.
Há outro tipo de manifestação; a ostensiva, que findava nas atitudes localizadas dos grupos de resistência dos núcleos sindicais, associativista ou ativistas altruístas, locais, regionais.
Com o Advento das PECs 241 e 55, Inicia-se uma nova era de protestos contra o que não podemos calar ou concordar.
Após o término da Ditadura, e com o advento da nova Constituição, as manifestações se davam por iniciativa de uma elite, sendo ela qual fosse; professores, universitários, trabalhadores, sem terras, e daí por diante.
Como disse a Ministra Cármen Lúcia; “um aluno do ensino médio, custa ao País, dois mil e duzentos reais, por ano. Já um presidiário, custa-nos, dois mil e quatrocentos reais por MÊS. Alguma coisa está completamente errada em nossa Pátria Amada”, Concluiu a Ministra.
É claro, visível que tal situação é o inverso do ideal.
Continua a ministra; “se os governadores não construírem mais escolas agora, não terão dinheiro para construir os presídios necessários no futuro”.
Quando se fala em
construir mais escolas não se quer dizer tijolos sobre tijolos. Porém, observa-se que é uma educação que precisa ser mais; mais para todos, e mais para ser melhor.
construir mais escolas não se quer dizer tijolos sobre tijolos. Porém, observa-se que é uma educação que precisa ser mais; mais para todos, e mais para ser melhor.
Alunos tomam o que é seu. Além de tomar as escolas, sob as Garantias constitucionais a toma por direito também. São escolas que gozam da presença de seus verdadeiros beneficiários e consequências.
As manifestações estão sendo configuradas, agora, por ocupações espontâneas de estabelecimentos de ensino.
O Cientista Político e Teólogo, Leonardo Boff, manifestou-se em artigo;
Leonardo Boff |
“Seria ingênuo pensar que o movimento dos estudantes ocupando escolas e universidades se esgota na crítica de um dos mais vergonhosos projetos já havidos; da reforma do ensino médio ou no protesto contra a PEC 241 da Câmara e agora PEC 55 do Senado, PEC da brutalização contra os mais vulneráveis da nação. O que se esconde atrás das críticas é algo mais profundo: a rejeição do tipo de Brasil que até agora construímos e de política corrupta, feita por parlamentares em proveito próprio…”
Leonardo Boff |
“Sem definição partidária, com seus cartazes incisivos, os estudantes nos querem dizer: estamos cansados do tipo de Brasil que vocês nos apresentam, com democracia de baixa intensidade, que faz políticas ricas para os ricos e pobres para os pobres, na qual as grandes maiorias são feitas invisíveis e jogadas nas periferias, sem estudo, sem saúde, sem segurança e sem lazer. Queremos outro Brasil, que esteja à altura da nossa consciência, feito de povo misturado e junto, alegre, sincrético e tolerante”.
Paulo Freire |
Muito particularmente, relembro, aqui, o grande Patrono da Educação no Brasil e, sobretudo, respeitadíssimo no mundo inteiro; Paulo Freire,
um dos pilares da Pedagogia Crítica, aquela que defende a escolarização como também a formação da consciência política. O pedagogo deve estar de áurea radiante. Pois, de algum modo, a consciência dos adolescentes, alunos secundaristas, vem mostrando sinais de amadurecimento ou endurecimento.
Só resta saber se essa consciência é consequência advinda das salas de aulas, ou adquirida através da universalização da informação, fato que faz da realidade, de cada um, espelho de si próprios, e que é compartilhada por tantos outros, no mundo inteiro.
Darcy Ribeiro/ Paulo Freire |
Seja na sala de aula ou nas redes sociais, pela INTERNET, as reivindicações estão ganhando roupa nova, e muito principalmente, caras novas.
Esses alunos, as caras novas, que invadiram as escolas, dão-nos uma outra nova Lição. E é bom Prestamos atenção.
A Nova Lição; Não queremos este Brasil!
Por Carlo Bandeira
Editorial/ Jornal de Arapiraca