Jornal de arapiraca 30/10/2015
Coluna Carlo Bandeira
Coluna Carlo Bandeira
A Parteira D’ Arapiraca!
O momento em que Arapiraca Nasceu! Eu conheci a Parteira; Josefa dos Santos Cunha, a Drª Ceci, ou, Ceci, que trouxe à Luz, essa nova criança, essa Cidade nova!
Não só assisti como tive a graça e o Privilégio de registrar esse Nascimento. Orgulhei-me! Ali, arapiraquei-me! orgulho-me ainda, e sempre me orgulharei daquele momento “hecatômbico” renovador, visto quê, Vivíamos uma década(1980) em crise, e ainda, a decadência da Produção Fumageira.
O desconforto e a agonia daqueles anos, que mais pareciam com um verdadeiro Parto pélvico, claro, de alto risco, fariam surgir algo que estava por nascer diferente; “A Arapiraca de hoje”. Bem, esta foi a minha constatação. Pois, nunca vi um parto sem dor, sem agonia, sem entrega, e ‘muito principalmente’, sem esperança. E entrega, e esperança, era o que aquela parteira mais tinha.
O desconforto e a agonia daqueles anos, que mais pareciam com um verdadeiro Parto pélvico, claro, de alto risco, fariam surgir algo que estava por nascer diferente; “A Arapiraca de hoje”. Bem, esta foi a minha constatação. Pois, nunca vi um parto sem dor, sem agonia, sem entrega, e ‘muito principalmente’, sem esperança. E entrega, e esperança, era o que aquela parteira mais tinha.
Era a Capital Brasileira do Fumo; Princesa do Agreste; Terra de Manoel André, e das moscas também. Eram essas as referências dessa cidade. Aquela Arapiraca era tudo isso, menos, um espirito comunitário, solidário. O que existia era a produção de fumo. Não nascera, ainda, uma alma que coubesse a cidadania na terra das tantas Anas, Marias, Severinas, Josefas, dos tantos Antônios, Manoéis, Severinos, Zés e Juvenais. Era um Brasil sem bolsa família, vale gás, ou minha casa minha vida. Era um Brasil descendo, desembestado, a ladeira na direção dos privilégios. Então, Imaginemos uma cidade nordestina, do Agreste alagoano, consequência desses tempos.
Vivemos os imensos salões curando o fumo, num trabalho quase escravo das famosas destaladeiras, que conviviam, também, com elevados índices de mortalidade infantil, evasão escolar, analfabetismo, doença de chagas, difteria, e outras mazelas populares. Nenhuma capacidade de atenção à saúde, ruas descalçadas, esgotos a céu aberto; eram moscas e mais moscas, moscas, e tome mais moscas. Já esquecemos?
Foi precisamente na década de 1970, que esta região atinge o apogeu produtivo da Cultura fumageira, confirmado pelo Título de maior produtora de fumo da América Latina.
Contudo, no início dos anos 80, viveríamos a derrocada do nosso maior patrimônio; “o ouro verde, o Fumo”! E é justamente nesse momento, que a Arapiraca de hoje deu os primeiros pontapés, querendo nascer como uma Terra das gentes simples, das gentes humildes, e dos desfavorecidos de até ser gente…
Contudo, no início dos anos 80, viveríamos a derrocada do nosso maior patrimônio; “o ouro verde, o Fumo”! E é justamente nesse momento, que a Arapiraca de hoje deu os primeiros pontapés, querendo nascer como uma Terra das gentes simples, das gentes humildes, e dos desfavorecidos de até ser gente…
A Terra de Manuel André vive, agora, uma dicotomia: Tanta riqueza adquirida, tanta desigualdade sofrida.
1988, a nova República produziu uma nova relação Política; o fim do autoritarismo Militar, no Poder Central. A crise ainda existia e com hiperinflação.
Foi quando aquela parteira, a Drª Josefa, sai da sala de parto, entra na campanha eleitoral e concorre à Câmara de Vereadores.
Ali, a Arapiraca de hoje nascera!
Foi nesse momento que elegeu, com a maior votação para a Câmara de Vereadores, uma mulher; Ceci Cunha, aquela Drª Ceci.
Com sua grande parceira, a Drª Célia Rocha, que naquela época já havia medicado, também, aquela falta de cidadania, com a implantação de um inédito Sistema de Saúde, o recém criado SUDS –
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde
, e que se transformou no primeiro sinal dessa nova Arapiraca que vivemos hoje. Uma Arapiraca mais Cidadã para atender, principalmente, àqueles desassistidos de ser Gente.1994, Arapiraca, já conhecia a participação Popular e sua força. Ceci Cunha estimulava essa participação, e com o seu espirito de cidadania, tornava-se forte.
Claro, foi bater em Brasília. Agora, como deputa federal.
Sua responsabilidade aumentou na mesma proporção da sua entrega por Arapiraca e por Alagoas.
Contudo, era Preciso garantir o crescimento e o desenvolvimento de uma comunidade, da cidade que lhe abraçou. Para isso, em 1996, dedicou-se à candidatura vitoriosa de Célia Rocha, sua parceira e amiga-irmã, à Prefeitura de Arapiraca.
Ceci, já não era mais a Josefa. Chamavam-na, agora, “a Formiguinha das Alagoas”, pois estava sempre aonde existissem as possibilidades de sanar as necessidades de sua Alagoas, de sua Arapiraca.
Lembro-me dos quartinhos chamados banheiros,e as casas de Taipa, que deram lugar à moradia com dignidade. Lembro-me também, que dispondo as ruas calçadas na era Ceci e Célia, em uma linha reta, faríamos uma via
gem de ida e volta à São Paulo. E, ao invés de morrerem aos montes como moscas, as crianças estavam nas escolas. Era a realidade daquele momento!
gem de ida e volta à São Paulo. E, ao invés de morrerem aos montes como moscas, as crianças estavam nas escolas. Era a realidade daquele momento!
Em quase 500 dias, sua inseparável parceira, Célia Rocha, como Prefeita de Arapiraca, já cobrira cerca de 50% do Município com água encanada, e na torneira, e mais, 40% do Programa Saúde da Família cobrindo essa nova Arapiraca. Era a formiguinha, lá em Brasília, que corria atrás dos programas de políticas públicas e as enviava, não só para Arapiraca, mas para toda a Alagoas, sem distinção de partido. Onde houvesse desprotegidos, lá havia Ceci.
Eita! A crise do fumo? Pois bem, Arapiraca tornou-se a maior produtora de hortaliças. Com isso, Alagoas atingiu autossuficiência, neste setor. Era a formiguinha de novo, abrindo as portas para um futuro mais digno para seus irmão e imãs. Era assim que ela chamava as pessoas daqui.
A danadinha da FORMIGUINHA, lá em Brasília, cavucava, insistia, martelava em cada ministério, cada secretaria, cada canto onde houvesse Políticas Públicas que garantissem programas federais e seus respectivos financiamentos. Estava ela, aqui ou acolá, viabilizando esses recursos.
Não tinha hora, não havia tempo ruim. Só não havia tempo para si, pois quando em Alagoas, ainda corria para as salas de parto. E olha que foi Parto atrás de parto.
Comadre aos milhares, e todas receberam seus filhos pelas mãos da Drª Ceci Cunha.
Ceci, entregou-se absurdamente à Família, a sua Grande Família. Ela gerou e amou os dois filhos, e com a mesma intensidade, Juvenal, seu marido.
Mas, quando indagada por sua Família, que não tinha final de semana para si, feriados e quase nenhum tempo com os familiares, respondia Ceci; “a minha família são vocês, os quais amo tanto, e também, cada alagoano e alagoana que precisar de Mim”.
Eis um pouco da Parteira D’Arapiraca!