Por Carlo Bandeira
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Tudo é novo, em 2020!
E um mundo onde alguns pronomes; eu, meu, teu, vosso, dele, soam invariavelmente em sua condição solitária pessoal; ‘Um é Tudo, e muito pode ser de um’. E, na verdade, o que nos parece mostrar a covid19? Tudo é novo!
Novo? Sim! A nova pandemia do novo coronavírus relaxou, e/ou, em outros casos, resgatou a ideia de que todos são mais de um; de que a terra, onde se vive, é uma só para todos, para nós, para os teus, para mim mesmo, levando-se aí, em consideração, os muitos em minha volta.
O resgate se houve em alguns casos como a palavra “a sobrevivência”, que mais claramente se mostra, nesses tempos de pandemia, na forma resgatada “das sobrevivências”.
No nosso caso, a dos brasileiros, povo misturado e hospitaleiro, está havendo a perda cultural do abraço, a falência do aperto de mão bem apetado, do beijo fraterno e o “infraterno”, se é que me entendem.
A sobrevivência econômica de empreendimentos e conglomerados ou até de pessoas naturais, trata-se, aqui, de sobrevivência financeira, que tem à frente, a falência econômica.
A Sobrevivência cultural dos usos próprios, que, aliás, se mostra dia a dia, unificando-se, mundializando-se(de globalização).
Sabe-se, também, que a palavra sobrevivência é uma ação que se antepõe ao risco de morte. Se a morte vem depois da vida; em “Morte e Vida Severina”, O autor quis nos mostrar o quê?
Que a Sobrevivência clareada, aqui, cinge a ideia de vencer a morte natural da vida animal, se é que me faço entender.
Agora é chegada a hora de falarmos do mais danificador modo de sobrevivência; “A sobrevivência política”!
Há os que para sobreviver politicamente, usam o drama humano para conectarem suas ideias de subalternação, de bestialização, de tudo que não eleve, e só concentre em si, a temível condição de salvador. Contudo, esses usam as verdades construídas ao seu capricho.
Esta sobrevivência inocula inverdades, agride, culmina no eu sou o salvador de tudo. Mas que eu, só Deus!
Por fim, a sobrevivência da realidade. Essa, que nos é crua e nua. Mostram-nos o que os nossos olhos não miram. A difícil tarefa do convívio direto, constante, próximo, ao vivo e a cores.
Crianças, nossos filhos, que só temos contato em um só período, dos três que tem as 24 horas do dia, e olhe lá, hoje, nos cobra a presença em tempo real.
A tensão provocada por nossa realidade vivida hoje, cada um em suas casas, cada um dentro de si o dia inteiro, aparece iluminada pela falta das verdades que nos rodeiam e que a tomamos como nossas, para encarar as diversas sobrevivências que nos impõe a falta de nós mesmos para cada um de nós mesmos.
Enfim, “nada do que foi será do jeito que já foi um dia”, proclama o poeta popular.
“Me cuidem-se”, se é que me faço entender!
* Observação: “Me cuidem-se”, título de um documentário atual sobre essa pandemia. Com direção de Bebeto Abrantes e Cavi Borges.