Por Carlo Bandeira
Pois, eu, meu mestre, nesse dia “lúdico”, em que a terra quase parou, estava entrando no prédio de um sindicato trabalhista, em São Paulo. Teria uma reunião para a confecção de um vídeo sobre produção agrícola sustentável em Alagoas; “Uma Fórmula para o Brasil”, era o título do vídeo documentário.
O prédio todo forrado com placas de vidro fumê.
Invadindo o hall de entrada, lá no canto, uma televisão rodeada de pessoas com suas caras admiradas e confusas. Vi a cena na tela da tv; ‘um prédio cortado por um avião, e muita fumaça’. Eu não tive dúvidas; “um inacreditável acidente aéreo, sussurrei”. Subi para o 12º andar, atônito. Outra televisão na sala de espera, e as pessoas com as mãos à cabeça. Os semblantes já acusavam o pânico nos olhares e nas rusgas daquelas testas. Os braços e mãos dos espantados, com movimentos lentos em direção da telinha. Aí escutei; “Meu Deus do céu”! Miro a tv e vejo, agora, dois prédios atravessados por dois aviões. Eu acabara de assistir aquela cena do segundo avião espetando aquele segundo prédio. Eram as tais Torres Gêmeas que gritaram no meu ouvido; “acertaram em cheio”! Foi quando a dúvida “trinitou” o meu pouco juízo; acidente ou atentado, perguntei-me.
Imediatamente, o espanto escapou do meu pensamento em alta voz, diante àquele instante; “Danou-se, que danado foi aquilo”!
Dei-me conta, naquela hora, que o mundo que eu vivia desmoronara mais uma vez, primeiro que aqueles dois símbolos, que para alguns poucos serviam, e para outros muitos tantos, saboreavam as suas dores.
Dei-me conta das minhas certezas e crendices. Nenhuma dúvida! Estamos por um fio. E se não acordarmos deste sono medonho, a nossa era já era. Medrosamente constatei.
O dia? 11 de setembro. O ano? 2001. Entre oito e dez horas dessa manhã, além daquelas duas astronaves enfincadas nas torres, outros dois aviões em outros dois símbolos distintos, Também foram lançados para a história.
Quem foi o culpado e o inocente? Não há!
Uns são culpados ferozes, outros culpados complacentes, e outros ainda, inocentemente culpados. Mas todos o somos. Ou não?
Valei-me, compadecida, protetora de todas as dores!
O vídeo “A fórmula para o Brasil” foi produzido.
Contudo, a fórmula para a paz, ainda estamos buscando. Ou não?
Só sei que foi assim, que é assim.
Só rogo para não continuar assim.
Fazer ou não fazer? Ter ou não ter?
Eis algumas das questões!
Foto Divulgação.