Para o presidente da Comissão, os vereadores da situação, a exemplo do prefeito Luciano Barbosa, não querem investigação porque estão tentando esconder algo de errado ou ilícito
A exemplo da Prefeitura Municipal de Arapiraca, os vereadores da situação entraram na Justiça pedindo a suspensão da CPI do Lixo – Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na Câmara Municipal, no final do ano passado, para investigar denúncias de irregularidades na contratação de empresas para o serviço de coleta de lixo da cidade, na gestão do prefeito Luciano Barbosa.
“Mais uma vez, a Justiça de Alagoas disse não à intenção do prefeito Luciano Barbosa de querer barrar os trabalhos da Comissão, negando aos vereadores da bancada governista o pedido para suspender as investigações”, afirmou o vereador Zé Carlinhos, presidente da CPI. “Vamos continuar investigando, em busca da verdade, doa a quem doer”, acrescentou, comemorando a decisão do Judiciário.
“Quanto mais o prefeito e os vereadores da situação tentam entrar na Justiça para barrar a CPI, mas os trabalhos avançam. Essa tentativa de barrar os trabalhos da Comissão mostra que estamos no caminho certo. Eles estão aprovados, estão desesperados, porque nós estamos no caminho certo, aprofundando as investigações, e tudo indica que vamos chegar à veracidade dos fatos”, afirmou Zé Carlinhos.
Segundo ele, a CPI do Lixo não é mais da Câmara, “é da população”, que tem apoiado o trabalho da Comissão e elogiado a postura dos vereadores de oposição. “Por isso, tenho certeza que o Tribunal de Justiça de Alagoas vai continuar apoiando a apuração das denúncias, que são objeto de investigação também no âmbito do Ministério Público Estadual, através da Promotoria de Justiça de Arapiraca”, garantiu o presidente da CPI.
MEDO DA VERDADE
Para Zé Carlinhos, o prefeito Luciano Barbosa está querendo esconder algo de errado ou ilícito nesses contratos com empresas coletoras de lixo, que já somam mais de R$ 40 milhões. “Caso contrário, o chefe do executivo não teria tentado impedir as investigações da CPI, duas vezes seguidas: por meio da Procuradoria Geral do Município e agora através da bancada governista na Câmara”.
Zé Carlinhos disse ainda que não adianta o prefeito tentar barrar a investigação e mandar seus secretários mentirem. “Nós temos as provas, os fatos, e contra fatos não há argumentos”, observou o presidente da CPI, dizendo que o objetivo da Comissão é a busca da verdade, para evitar que o contribuinte do município continue no prejuízo: pagando caro por um serviço que deixa muito a desejar.
“Apesar das mentiras, já identificadas nos depoimentos de pelo menos dois integrantes da administração municipal, a Comissão vai continuar buscando à verdade dos fatos – mostrando se a denúncia, contra a atual gestão municipal, tem fundamento ou não”, afirmou o presidente da CPI. “Infelizmente, até agora a Prefeitura não explicou por que não realizou uma licitação legal para contratar uma empresa idônea, que faça o serviço de coleta de lixo da cidade, de acordo com a lei e por um preço justo”, acrescentou o vereador.
“MÁFIA DO LIXO”
O presidente da CPI disse ainda que estranha o comportamento dos vereadores da bancada governista, na tentativa de barrar as investigações sobre a chamada “Máfia do Lixo”. “Eles tiveram acesso à denúncia; participaram da sessão de votação e instalação da CPI; acompanharam as oitivas das testemunhas; fizeram indicações e sugestões à CPI. Não entendo por que agora estão contra os trabalhos da Comissão”, questionou Zé Carlinhos, referindo-se a bancada da situação.
Segundo o presidente da Comissão, no mandado de segurança que impetraram na Justiça pedido a suspensão dos trabalhos da CPI, a bancada governista utilizou basicamente os mesmos argumentos usados pela Procuradoria Geral do Município. Os aliados do prefeito alegam irregularidades na criação, formação e no funcionamento da Comissão, mas os argumentos não convenceram a Justiça, que negou o pedido deles e manteve a CPI do Lixo em funcionamento.